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Literatura Indígena, um boto em botão! [Eliane Potiguara]

Literatura Indígena, um boto em botão!


A literatura dos excluídos ainda é uma pele de Boto que foi destruída ao longo dos séculos e que está esquecida e abandonada  no fundo dos rios a precisar renascer_ ardentemente_ com a força da alma da natureza e humana. Mas essa natureza está envolta nas amarras dos séculos de dor, do obscurantismo, dos grandes enigmas e contradições da própria existência, do divino e do amor. A literatura ainda é um segmento cultural e político que não consegue chegar à totalidade das camadas menos privilegiadas social e economicamente do Brasil e do mundo.
Esse Boto Literário em botão, na atualidade, precisa ser salpicado com as lágrimas emocionadas da Natureza, muitas desvairadas lágrimas. Aí sim, essas feridas do mundo­_ que as mulheres indígenas as eternizaram com seus beijos de cura, bálsamos históricos, histórias não contadas e adormecidas no fundo do rio ou dos oceanos, essas sim, _ serão eternamente curadas, assim como o Boto literário.
 A Natureza clama para ser ouvida; o Boto despelado precisa ser ouvido; o grande estrondo do encontro das águas claras e escuras amazônicas suplica secularmente um minuto de audição. Assim é a mente humana: Um mundo imaginário, místico e mítico deste ser que chamamos escritor, escritora, um ser humano diferenciado cujas emoções transcendem a realidade brutal da vida.
Este Ser humano vestido também de Boto traz sua alma dilacerada, repleta de feridas e almeja a compaixão do próximo na reconstrução das identidades em busca do ser digno, onde os direitos humanos sejam todos repletos de festas, pétalas de rosas, aromas mais adocicados pela flor do amor e da Vitória-Régia: A cura! A epiderme precisa ser epiderme e não couraça, casco e carcaça.
A visibilidade da literatura indígena é como a vida de uma mulher que viveu mais de trinta anos de dedicação a seu amado, querendo ardentemente ter um filho e ele, finalmente, foi ter um filho com outra, negando-lhe não só a maternidade como o próprio amor e a companhia. O útero ressecado e a pele depauperada dessa mulher foram depositar-se no fundo dos rios e mares oceânicos e ora pacíficos. Ela precisa recuperar a pele de boto, de foca, de golfinho e respirar o ar da luminescência e caminhar com a mulher guerreira a sua frente, nas terras, nos mares, nos rios e nos lagos e transformar esses séculos perdidos em dias de vitória e luz. De lá de cima, de onde ela estiver ficará  provado no seu âmago que ela poderá observar, sorrateiramente, o mundo e rirá das tempestades: Ei-la nos marcos de novos ares!
A literatura a que me refiro é assim, vem fazendo a caminhada passo a passo com as expressões de artistas do passado e da contemporaneidade cantando e contando a cultura popular. São os escritos caboclos, indígenas, afrodescendendes, mestiços e todas as expressões que não tiveram VOZ.  E a literatura indígena, que do estágio oral saltita pelas letras escritas na estratégia da vivificação das histórias de vida dos ancestrais, clama por sobrevivência e justiça dos direitos autorais. O reconhecimento dos conhecimentos tradicionais, para que seja  perpetuado em saberes antigos de curas indígenas, como um patrimônio histórico e cultural, precisa flamejar  pelo território nacional a  desembocar na  mentes e corações dos escritores indígenas como as águas do Rio Amazonas, que flui mais belo: um reconhecimento conquistado! Assim será para os próximos tempos. A Mãe dos Deuses na defesa da floresta e do planeta, promovendo conhecimento e estimulando a leitura no Brasil e no mundo.
O autor e a autora indígenas _aqueles que andam com o guerreiro e a guerreira à sua frente_ acabam de florescer a cura desde a ancestralidade oral sedenta pela escrita e por isso ganha de presente parte dessa cura secular, da almejada, da sedenta visibilidade literária indígena, hoje uma conquista em realidade.
As mulheres guerreiras, as chamadas antigas Amazonas e as contemporâneas guerreiras mulheres de todo Brasil, com seu PODER DE MULHER PELA CRIAÇÃO, seja qualquer criação, podem presentear a todos os seus homens e amados um MUYRAKITÃ( um sapinho) como amuleto verde de proteção à vida eterna da alma humana, aquela que fez algo pelo bem caminhar da Humanidade no ato da CRIAÇÃO! Literatura indígena, um testemunho da Criação literária nas letras dos escritores  e escritoras indígenas.

Eliane Potiguara é escritora indígena. Foi indicada em 2005 ao Projeto Internacional "Mil mulheres ao Prêmio Nobel da Paz", é escritora, poeta, professora, formada em Letras (Português-Literatura) e Educação, indígena Potiguara, brasileira, fundadora do GRUMIN / Grupo Mulher-Educação Indígena. Membro do Inbrapi, Nearin, Comitê Intertribal, Ashoka (empreendedores sociais), Associação pela Paz, Cônsul de Poetas Del Mundo e Embaixadora da Paz, pelo círculo da Fança. Trabalhou pela Declaração Universal dos Direitos Indígenas na ONU em Genebra. Escreveu “METADE CARA, METADE MÁSCARA”, pela Global Editora.E seu último livro é “O COCO QUE GUARDAVA A NOITE”, editora Mundo Mirim.Ganhou o Prêmio literário do PEN CLUB da Inglaterra e do Fundo Livre de Expressão, USA.Site pessoal: www.elianepotiguara.org.br
Institucional: www.grumin.org.br
E-mail: elianepotiguara@uol.org.br





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